Poucos brasileiros conhecem a história do sítio arquitetônico do “Campo de Concentração do Patu”, no Ceará. Tombado patrimônio histórico-cultural da cidade de Senador Pompeu, recentemente, o local foi palco de muito sofrimento no passado.
O Campo de Concentração do Patu, como ficou conhecido, servia para confinar milhares de pessoas que fugiam da seca no interior do Ceará.
O objetivo era evitar que os retirantes chegassem a outras cidades, principalmente Fortaleza, capital cearense. Oficialmente, 16.221 pessoas ficaram concentradas no local, sob alegação de que estariam sob a proteção do governo.
De acordo com historiadores, lá elas eram expostas a uma série de sofrimentos e privações. Muitas delas morreram de inanição e de doenças, como tifo.
Os retirantes também seriam explorados como mão de obra escrava, trabalhando de forma forçada em obras públicas.
A história dos campos de concentração no Ceará origina-se em processos vividos na seca de 1877, quando um ciclo intenso de estiagem motivou grandes deslocamentos de retirantes do interior do estado para Fortaleza.
Em 1915, temendo que a situação de 1877 se repetisse, o governador da época, coronel Benjamin Liberato Barroso, criou o primeiro campo de concentração do Ceará, em Fortaleza, no chamado Alagadiço, atualmente bairro de São Gerardo. Com o fim da estiagem, em 1916, o campo foi desfeito.
Em 1932, mais uma vez a seca foi intensa e novos campos de concentração surgiram para confinar os retirantes, não só em Fortaleza, mas em outras cinco cidades também: Crato, Senador Pompeu, Quixeramobim, Cariús e Ipu. Ao todo, eram sete campos de concentração, sendo dois deles em Fortaleza.
O isolamento das pessoas de baixa renda dos grandes centros urbanos não era o único propósito dos campos. Na época, a ideia do darwinismo social era popular e ajudava a justificar iniciativas como essas. De acordo essa teoria, algumas sociedades seriam superiores às outras. Esse conceito motivou as ideias de eugenia, racismo, fascismo e nazismo. Os campos de concentração brasileiros foram criados quase meio século antes dos nazistas, que tiveram os primeiros campos em 1933.
Os campos de concentração do Ceará foram desativados em 1933. O número de mortos nunca foi oficialmente contabilizado.
Fontes: History e G1