Desde que os casos confirmados do novo coronavírus começaram a se multiplicar, a indústria da moda precisou se mobilizar para enfrentar o impacto financeiro da doença.

Tudo começou com os sucessivos cancelamentos de eventos e desfiles, que passaram a ser anunciados na temporada de moda internacional, em fevereiro - e que ganharam desdobramentos por aqui, com o calendário de moda brasileiro totalmente suspenso.

Para lidar com esse novo cenário, medidas inéditas foram adotadas, como a apresentação de coleções sem plateia, por meio de transmissões nas redes sociais. E, certamente, ainda há muito mais por vir. Veja quais foram os principais acontecimentos da indústria fashion em época de covid-19:


Sem fashion week em SP e Minas

Principal semana de moda brasileira, a São Paulo Fashion Week teve sua 49ª edição  cancelada na última quinta-feira (12). Os desfiles seriam realizados entre os dias 24 e 28 de abril. Em comunicado, a organização do evento afirmou que a temporada N50, que celebra os 25 anos do evento, está mantida  entre os dias 16 e 20 de outubro.

"Diante do cenário atípico e visando preservar a saúde e bem estar de todos, a programação do Festival SPFW+ e a conferência internacional anunciada para o dia 27 de abril serão replanejadas", afirmam os organizadores.

No embalo da semana de moda paulistana, o Minas Trend também decidiu suspender o evento de moda programado anteriormente para ocorrer entre os dias 21 e 24 de abril. O comunicado foi divulgado nesta terça-feira (17).

"Os organizadores do evento entendem que, neste momento, a redução do contato social é fundamental para garantir o cuidado com a saúde humana.  A possibilidade de uma nova data será avaliada", diz o informativo.


Desfiles sem público

Giorgio Armani fez desfile sem plateia em Milão por causa do coronavírusStefano Guindani, @giorgioarmani / Divulgação



Durante a temporada de moda internacional, que rolou em fevereiro, diversas grifes começaram a colocar em prática estratégias para evitar a aglomeração de pessoas, uma das medidas recomendadas para evitar o contágio. O desfile da marca Giorgio Armani, por exemplo, na Semana de Moda de Milão, foi realizado sem a presença dos convidados. As novidades da coleção feminina da etiqueta foram apresentadas ao público por meio das redes sociais: os perfis no Facebook e no Instagram, além do site da marca, transmitiram uma live com a íntegra do desfile.
Stefano Guindani, @giorgioarmani / Divulgação
Giorgio Armani fez desfile sem plateia em Milão por causa do coronavírusStefano Guindani, @giorgioarmani / Divulgação

A medida também foi escolhida pela grife brasileira À La Garçonne, que optou por dispensar o público no evento programado para o último sábado (14). Com o estilista Alexandre Herchcovitch no comando criativo, a marca realizou a captação de imagens em vídeos e fotos com os looks da coleção e vem compartilhando em suas redes sociais.

"Estaremos reduzindo drasticamente o número de profissionais no local, diminuindo o tempo de permanência dos modelos e outros profissionais dentro do ambiente, mantendo assim o local menos vulnerável", afirmou a grife em comunicado.


Apresentações canceladas

Desde que os casos confirmados de coronavírus começaram a se multiplicar pela Europa, diversos eventos foram cancelados durante a temporada de moda internacional - que começou com Nova York, no início de fevereiro, e terminou com Milão.

Na Semana de Moda de Paris, as baixas foram sentidas nas ruas - houve relatos de movimento bem abaixo do esperado em lojas de luxo, como a Louis Vuitton da avenida Champs-Élysees, a mais movimentada da cidade nesta época de desfiles, informou a Folha de S. Paulo.
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Eventos tradicionais das semanas de moda, como os chamados "re-see" – quando convidados podem observar de perto, no dia seguinte ao desfile, as coleções desfiladas –, não aconteceram. Também foram desmarcados os jantares para a imprensa estrangeira, além de eventos como a cerimônia de entrega do prêmio LVMH, que premia jovens estilistas.

Outras apresentações, como o desfile que a Chanel promoveria em um navio de cruzeiro em Capri, no sul da Itália, um dos países mais atingidos pela doença, também foram canceladas. No caso do fashion show previsto inicialmente para o dia 7 de maio, a maison francesa garantiu que está pensando em "alternativas" para exibir a coleção "mais tarde e de maneira diferente".

Quem também já anunciou o adiamento de eventos programados foi a grife Giorgio Armani: o desfile que ocorreria em abril, em Dubai, foi remarcado para novembro. No calendário de apresentações da Versace, estava agendado um evento para meados de maio, nos Estados Unidos, que ainda não tem nova data para ser realizado. Antes disso, ainda em fevereiro, a Prada havia desistido de fazer seu desfile no Japão. A Gucci também não realizará mais a apresentação de sua coleção Cruise, prevista para maio na Califórnia, nos Estados Unidos.
Sem o tradicional MET Gala

Na tarde de segunda-feira (16), foi anunciado o adiamento do MET Gala 2020, tradicional baile que ocorre anualmente no Metropolitan Museum of Art. Segundo a organização, ainda não há uma nova data prevista para o evento, que reuniria celebridades no dia 4 de maio. Inicialmente, o museu deve ficar fechado até o dia 4 de abril, seguindo as medidas americanas estipuladas para a contenção do covid-19 - que pede que estabelecimentos que tenham capacidade para mais de 50 pessoas não abram as portas.
Solidariedade em alta

Além de cancelar eventos para evitar a aglomeração de pessoas, marcas de luxo também vêm se engajando no combate ao coronavírus. Uma das ações mais celebradas foi a do grupo LVMH, que, desde segunda-feira, deixou de produzir perfumes para focar no álcool gel. Três das maiores fábricas do grupo, que detém marcas como Dior e Givenchy, passaram a investir na produção do desinfetante, que será doado para o sistema de saúde francês, sem custo algum. Serão pelo menos 39 hospitais públicos contemplados.
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Entre outras iniciativas que merecem destaque está a doação de seis UTIs para três hospitais de Milão - uma oferta da Prada, nativa de um dos países mais atingidos pela pandemia.

Grifes como Bvlgari, Kering, Versace e Giorgio Armani - além da própria Prada e do grupo LVMH - ainda fizeram doações em dinheiro para diversas instituições de saúde.

 

Fonte: Gauchazh - Thamires Tancredi