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Jornalista, pesquisadora, crítica musical, editora, biógrafa, cantora, compositora... De acordo com as oportunidades e necessidades que se apresentam, a niteroiense Christina Fuscaldo vai mostrando suas várias facetas. Nesta sexta-feira (31), quando completa 38 anos de vida, ela lança no Sebo Baratos, em Botafogo, a partir das 19h, suas novas apostas: o livro “Discobiografia Mutante — Álbuns que revolucionaram a música brasileira” (preço: R$ 80), que conta a história da banda de rock psicodélico através de seus discos, e o CD “Mundo ficção” (R$ 20), em que ela é a artista em questão.

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— Minha porção mutante é culpa da minha mãe, que me incentivou a me multiplicar em várias desde pequena. Ela me colocou no inglês, no balé, no jazz, no sapateado, no teatro, no canto, no francês, no italiano... E desde então eu nunca mais consegui parar — diverte-se ela, que agora finaliza a biografia de Zé Ramalho e dá início a um outro livro, sobre Belchior.

Também autora da “Discobiografia Legionária” (2016), que resgata causos por trás das canções da Legião Urbana, Chris fez o livro sobre os Mutantes acontecer por meio de uma campanha de financiamento coletivo, o crowdfunding.

— Em 2018, faz 50 anos que o primeiro disco dos Mutantes foi lançado, este é o gancho! Negociar com uma editora seria demorado. Então, experimentei esse jeito alternativo — explica a autora, que arrecadou R$ 46.089 pela internet: — Escrevi o livro em dois meses. Eu já tinha muito material guardado, porque a banda foi tema da minha monografia de fim de curso na faculdade. Usei isso como base e avancei na descoberta de mais histórias.

No livro, há relatos de Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias — os três principais Mutantes — e de gente ligada à produção de seus álbuns.

— Apesar de já existir uma biografia ótima sobre a banda (“A divina comédia dos Mutantes”, escrita por Carlos Calado), ela só conta até 1995, ano em que foi lançada, e de uma forma mais tradicional. Consegui seguir por um viés diferente, revelando curiosidades através das capas dos discos, de dentro do estúdio. E incluí os álbuns lançados após a retomada da banda, em 2006, com nova formação.

Com 243 páginas, o “Discobiografia Mutante” é bilíngue, com tradução para o inglês, já que a banda é supercultuada também fora do Brasil.

— Nos Estados Unidos, tem cineasta querendo fazer filme sobre eles... Sean Lennon, filho de John Lennon, é tão fã, que fez a arte da capa do disco “Tecni color” (1999). Kurt Cobain (da Nirvana) já escreveu uma carta para Arnaldo Baptista. Não à toa a volta dos Mutantes em 2006 foi em Londres. Este ano, só com o Sérgio Dias da formação original, eles já fizeram mais de 20 shows na Europa — detalha Chris, comemorando ecos internacionais de seu livro: — Já vendi vários exemplares para a Califórnia.

Se o rock psicodélico é a linha condutora na literatura, em seu “Mundo ficção” a cantora investe num pop-rock-tango, sob a produção do argentino Juan Cardoni. Hyldon participa da faixa “Enigma”, composta com Chris, que investiu em canções autorais e em regravações de cunho emotivo, como o sucesso “Muito estranho”, de Dalto:

— Eu o conheço desde menina. Dalto vivia nas rodas de violão da minha casa com meu pai. Gravar essa música é homenagear essa amizade. (Extra)