Com um estilo musical que mistura Blues, Rock, Samba e Tropicália, Roberto Côrrea Scienza, de 32 anos, se tornou o primeiro brasileiro a participar do reality show La Voix, que pertence à franquia internacional The Voice, transmitido no Canadá pelo canal de televisão TVA.

Roberto nasceu em Araraquara, no interior de SP, mas já viveu em mais de 15 cidades brasileiras até se mudar para o Canadá. Sua última parada foi em Tupã (SP), no centro-oeste paulista, onde seus pais moram até hoje.

Na região, o músico também conheceu sua esposa, com quem mora junto do filho em Montreal, cidade canadense, que tem como língua oficial o francês, apesar de ficar no país norte-americano.

 

 Em entrevista ao g1, Roberto explicou que conhecer o Brasil o ajudou a se formar musicalmente e chegar a seus estilo único, que o traria conquistas no reality show.

"Acho que conhecer um pouquinho do Brasil, foi muito especial pra minha formação musical. De saber misturar estilos e não ter preconceito com estilos diferentes do rock, do blues, e tentar incorporar também esses estilos dentro do meu som", explica.

O músico se apaixonou pelo país estrangeiro durante um mestrado de filosofia em 2016. O que o levou a se mudar para o Canadá com a família em 2021. Na época, iniciou seus estudos de doutorado em literatura na Universidade de Montreal.

Roberto conciliava seus estudos com uma paixão que o acompanhava desde os 13 anos, quando ganhou sua primeira guitarra: a música. O brasileiro se apresentava no metrô de Montreal, de duas a três vezes na semana, onde seu estilo próprio se destacava.

O músico conta que chegou a ganhar um bom dinheiro se apresentando no transporte público, até que um dia uma senhora o abordou insistindo para que participasse do programa La Voix, edição canadense do programa estadunidense The Voice.

"Aqui no Canadá, foi no metrô que me descobriram, foi uma mulher canadense que me conheceu no metrô. No primeiro dia ela veio falar: você tem uma voz maravilhosa, você tem que tentar se inscrever. E ela acreditou no meu potencial, ela falou que podia me ajudar com o francês caso eu precisasse. Eu ainda não tinha conseguido solidificar nenhum tipo de projeto aqui em Montreal, ainda tinha meus projetos no Brasil, mas tudo online, tudo à distância, então foi graças a essa senhora, ela fez com que a minha carreira aqui no Quebec, no Canadá, fosse uma possibilidade."

Após a insistência da canadense Lorraine Roy, Roberto se inscreveu no programa e foi selecionado para as audições às cegas, quando os jurados realizam a icônica cena de “virar a cadeira” para os candidatos.

No dia da apresentação, que foi ao ar no dia 11 de fevereiro, Roberto estava acompanhado do filho Arthur de 13 anos e da amiga Lorraine, responsável por sua participação no programa.

O músico apresentou Death Letter Blues, uma canção dos anos 60, do cantor norte-americano Son House, já que mesmo apresentado na língua oficial da região, os candidatos podem optar por cantar em francês ou em inglês no programa.

Durante a performance, a técnica, cantora e compositora France D’Amour, “virou a cadeira” para o brasileiro logo no segundo verso da música. Em seguida, Mario Pelchat, cantor e compositor vencedor de vários Discos de Ouro, também virou a cadeira para Roberto. Pela proximidade de repertório, e apreciação pessoal o brasileiro escolheu France D’Amour como sua técnica no programa.

"Aprendendo francês, eu me apaixonei pelo blues-rock de Quebec, e uma das artistas de que eu gostei aprendendo francês, foi a France D'Amour. Então desde o começo, antes da audição, eu já queria ela. Ela é uma pessoa muito boa, ela é muito técnica, então realmente tá sendo uma experiência muito enriquecedora o trabalhar com France D'Amour", comemora.

Os próximos passos do músico dentro do programa são as batalhas, que escolherão os semifinalistas que duelarão novamente para a final.

Roberto afirmou se inspirar em seus filósofos favoritos para seguir a carreira musical e acadêmica. Ele já tem planos independente dos resultados das próximas fases do reality.

O músico ainda tem uma banda de rock e blues com outros brasileiros, além de projetos com composições próprias.

"Eu uso das minhas ideias filosóficas, do meu "background filosófico" para a composição das minhas músicas. Meu filósofo favorito, Nietzsche, era músico, compositor também. Há outros filósofos como Rousseau, que também eram músicos. Muitas vezes eu toco a guitarra no colo e estou escrevendo meus ensaios acadêmicos", finaliza o músico.

 G1