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Troca de técnico, elenco recheado de jovens jogadores e falta de resultados expressivos contra adversários fortes. Esses são alguns dos fatores que fazem com que a seleção brasileira seja vista com desconfiança pelo seu torcedor às vésperas da Copa do Mundo que será sediada no país. A situação, no entanto, não é inédita para uma seleção prestes a jogar a competição em casa. A Alemanha passou pela mesma experiência em 2006.

 

O segundo lugar na Copa de 2002 representa um ponto fora da curva entre os resultados obtidos pelos alemães nos anos que precederam o Mundial que sediou. Na Euro de 2000, disputada na Holanda e na Bélgica, não ganharam um jogo sequer e foram eliminados logo na fase de grupos. A história na Euro se repetiu quatro anos mais tarde, em Portugal, em fracasso que culminou na troca do comando técnico. Rudi Völler saiu e deu lugar a Jürgen Klinsmann. Curiosamente, os dois formaram o ataque alemão no tricampeonato mundial da Alemanha, em 1990.

Não eram apenas as fracas campanhas nas duas edições anteriores da Euro que colocavam em dúvida a capacidade da Alemanha de conquistar a Copa do Mundo diante do seu público. A equipe não ganhou nenhum amistoso contra adversários que apareciam entre os favoritos ao título de 2006. Perdeu de Holanda, Espanha, Itália e França, além de empatar com Brasil e Argentina.

Apesar do terceiro lugar na Copa das Confederações de 2005, o empate com a Argentina na primeira fase e a derrota para o Brasil na semifinal faziam com que a desconfiança sobre a capacidade da equipe de vencer adversários fortes permanecesse. Foi com esse clima de incerteza que o time de Klinsmann chegou ao Mundial no ano seguinte. O elenco misturava jogadores que fizeram parte dos maus resultados dos anos anteriores da seleção com jovens promessas, ainda incógnitas na época.

No fim das contas, a Alemanha conseguiu superar as expectativas e ficou com o terceiro lugar em 2006. As jovens promessas justificaram em campo a convocação. O atacante Podolski, por exemplo, foi eleito o melhor jogador jovem do Mundial. Também faziam a estreia em Copas do Mundo o volante Schweinsteiger e o lateral Lahm, hoje fundamentais na seleção alemã. Entre os experientes, destaque para o artilheiro da competição: Klose, autor de cinco gols durante a campanha. O tetracampeonato não veio, mas o objetivo de fazer uma boa campanha e agradar os torcedores locais foi atingido.

“O que esse time alcançou durante a competição é inacreditável”, disse Klinsmann após a vitória por 3 a 1 sobre Portugal na disputa do terceiro lugar da Copa de 2006. “Nas últimas sete ou oito semanas, todo dia era emocionalmente carregado. Acho difícil encontrar palavras para mostrar como essa equipe buscou alcançar o que todos nós sonhávamos.”

O processo de preparação da seleção brasileira para disputar a Copa dentro de casa se assemelha bastante ao da Alemanha antes de 2006. Em novembro de 2012, Mano Menezes foi demitido do cargo de treinador. Quem assumiu em seu lugar foi Luiz Felipe Scolari, comandante do pentacampeonato de 2002. A lista de convocados pelo treinador para a Copa das Confederações é formada predominantemente por jogadores jovens, prestes a disputarem o Mundial pela primeira vez.

Outro ponto em comum entre as duas situações é a série de maus resultados contra adversários considerados fortes. A seleção brasileira não vence um jogo contra um país campeão do mundo desde o dia 14 de novembro de 2009, quando bateu a Inglaterra por 1 a 0, com gol de Nilmar. De lá pra cá, somou derrotas contra Inglaterra, Argentina, Alemanha e França, além de ter empatado com a Itália em março deste ano. Vale lembrar que, nos triunfos registrados sobre os argentinos no Superclássico das Américas, em 2011 e em 2012, nenhuma das duas equipes tinha força máxima. Afinal de contas, atletas que atuam no futebol europeu não podiam ser convocados.

Em dezembro de 2012, no sorteio que definiu as chaves da Copa das Confederações, Scolari admitiu: "Se estamos atuando em casa, é certo que vamos jogar com o único objetivo de levar o titulo". Klinsmann cumpriu a missão que recebeu quando assumiu a seleção alemã: a de conduzir a equipe à uma boa campanha na Copa do Mundo dentro de casa. Resta saber se Felipão conseguirá fazer o mesmo e alcançar o objetivo que ele mesmo traçou para 2014.

Do IG