Do Globo Esporte - Um duelo com equipes ofensivas e com prazer em ter a bola nos pés. É desta maneira que Fernando Diniz projeta o clássico entre Brasil e Uruguai, nesta terça-feira, às 21h (de Brasília), no Estádio Centenário, em Montevidéu, pela quarta rodada das Eliminatórias para a Copa de 2026.


Com um estilo de jogo autoral e que prioriza a troca de passes curtos com aproximação, o treinador medirá forças com a famosa cultura de jogo ofensivo implementada por Marcelo Bielsa e que inspirou nomes como Pep Guardiola. Questionado sobre o confronto, Diniz apostou em um jogo de coragem de brasileiros e uruguaios.

    – Espero um jogo bastante difícil com as duas equipes procurando o protagonismo do jogo. Acho que tem as características do Bielsa, que todo mundo conhece. A minha também é. Então, teremos um jogo muito disputado.

Após duelos contra seleções de menor porte, como Bolívia, Peru e Venezuela, o treinador da seleção brasileira foi questionado sobre o nível de enfrentamento que espera dos uruguaios. Jogando no Centenário, o time de Bielsa fez 3 a 1 no Chile na abertura das eliminatórias em partida que serve de referência para Diniz.

– Temos que estar preparados para todas as situações. Uma delas, talvez a mais previsível, seria uma marcação mais alta e com pressão. Contra o Chile, foi pressão, mas não tão alta e tiveram protagonismo. É um time muito bem treinado, com jogadores nos principais clubes da Europa. Esperamos um grande clássico.

Contra o Uruguai, Fernando fará pela primeira vez alterações por vontade própria na equipe titular. Se Yan Couto entra na vaga do lesionado Danilo, Carlos Augusto e Gabriel Jesus ganham as posições de Guilherme Arana e Richarlison por decisão do treinador, que em tom bem humorado brincou sobre a confirmação da escalação.

- Essa é a tendência do time. É o que vocês viram aí. Com colete ou sem colete (risos)?

    O Brasil entra em campo para enfrentar o Uruguai com Éderson, Yan Couto, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Carlos Augusto; Casemiro, Bruno Guimarães e Neymar; Rodrygo, Vini Jr e Gabriel Jesus.

Com sete pontos, a Seleção ocupa a segunda colocação da competição que dará seis vagas diretas no Mundial e uma para a repescagem.


REPERCUSSÃO DO JOGO

– Futebol é feito não só de resultados, existe o pragmatismo, vale 3 pontos, mas existe toda a simbologia. Um clássico de grande rivalidade há 73 anos, a partir da partida de 1950 na Copa do Mundo, tiveram grandes embates, jogar no Centenário mexe com todo mundo, comigo, jogador, todo mundo fica mais sensibilizado, a gente não pode jogar fora toda a história que foi construída.

DEFESA - LATERAIS

– A questão do entrosamento: procuramos fazer o que foi possível, em termos de vídeo, de análise de vídeo. Todos que estão com a camisa da Seleção tiveram que passar por um funil estreito. Yan tem trajetória em categoria de base na seleção, está bem na Espanha, Carlos Augusto teve interesse da seleção italiana para naturalizá-lo. São jogadores que mereceram estar na Seleção, Yan foi bem contra a Venezuela.

LIÇÃO JOGO DA VENEZUELA

– A principal lição do jogo contra a Venezuela é que tínhamos um jogo extremamente controlado quando estava 1 a 0. Mas achamos que poderíamos marcar com menos concentração sem que isso causasse dano. A única bola que foi no gol, entrou. A gente teve chances de ampliar o marcador, um pouco por interferência do gramado e do calor. Se a gente tivesse tido mais consistência, teria vencido.

NEYMAR

– Uruguai não tem Neymar. Uma coisa que vale divulgar são os números do Neymar, ele é o primeiro em quase todos os quesitos do atacante. Primeiro em participação de gol, primeiro em nota do site especializado... os números explicam ele estar aqui. De novo foi decisivo, deu assistência. Eu já falei que o Neymar é um dos grandes jogadores da história do futebol brasileiro e do futebol mundial.

PRECIOSISMO

– A gente pecou na tomada de decisão no terço final, talvez um lance ou outro poderia ter arrematado de fora da área, mas não vi preciosismo. Teve dificuldade do campo e também erro de tomada de decisão, centralizamos contra-ataque, isso dificultou para terminar jogadas.

RICHARLISON

– Eu não sou psicólogo, tenho formação em psicologia. Me interesse pelos jogadores e pelo lado humano. O Richarlison contribuiu naquilo que pôde, principalmente nos dois primeiros jogos. Ele teve chances de marcar, se tivesse entrado, mudaria o ânimo. Isso aumenta a estima, talvez ele precisasse naquele momento. Ele continua trabalhando, treinou bem e teve melhora de rendimento no Tottenham. vai estar sempre no nosso radar, já tem história na seleção, é jovem, o que está passando quase todos os jogadores passaram. Logo vai estar brilhar no mais alto nível.

CARLOS AUGUSTO

– Tem a ver com isso, mas não é só isso, um conjunto de fatores, que faz com que o Carlos jogue, o principal é a segurança e a confiança que ele apresentou nos treinamentos e nos jogos da Inter que a gente acompanhou.

CENTENÁRIO

– Toda a vez que visto a camisa da Seleção é um grande privilégio. Entrar nesses cenários tem sempre um sabor especial, traz brilho à partida, é uma coisa diferente, eu gosto, é muito bom poder estar aqui nesse estádio.

GRAMADO

– Daquilo que a gente viu, talvez seja o que reúne melhores condições. É difícil na América do Sul ter gramado padrão europeu. Esse é um fator que vai ajudar as duas equipes. Uruguai gosta de jogar, ter bola no jogo, acelerar, o campo vai ajudar o jogo.

SUPERSTIÇÃO

– Não tenho superstição, a gente tem que trabalhar muito e entregar o melhor para a Seleção. Em relação às lesões, aconteceram um número excessivo, temos jogadores para suprir. Sobre se estressar, sou tranquilo, tenho uma comunidade aqui para se reunir, conversar e enfrentar os desafios.