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Quando Neymar pisou no gramado do Parque dos Príncipes vestindo a camisa 10 do Paris-Saint-Germain, em 4 de agosto, o clube francês fundado em 1970 viveu o seu dia de maior exposição mundial. O atacante brasileiro se tornou o jogador mais caro de todos os tempos (foi comprado junto ao Barcelona por 222 milhões de euros) e, ao lado do magnata catari e dono do clube, Nasser Al-Khelaifi, falou sobre o objetivo de conquistar a Europa pelo PSG. Em menos de dois meses, no entanto, o clima de euforia deu lugar a um verdadeiro incêndio no vestiário. Tudo graças a uma guerra de egos entre Neymar e o uruguaio Edinson Cavani, que se negou a ceder todo o protagonismo ao astro brasileiro. Às vésperas de um jogo importantíssimo diante do Bayern de Munique, pelas Liga dos Campeões, o PSG ficou refém da briga de estrelas e é alvo de uma série de notícias desencontradas – e muitas fofocas.

Ao chegar a Paris, Neymar foi recebido com todas as honras. O argentino Javier Pastore lhe “cedeu” a camisa 10 e até a Torre Eiffel deu às boas-vindas ao craque. A presença de vários brasileiros no time também parecia favorecer sua adaptação. Mas, a inesperada intransigência de Cavani, cobrador oficial de pênaltis do time na temporada passada, colocou a popularidade de Neymar em xeque. Na vitória sobre o Lyon, há uma semana, o brasileiro pediu para cobrar uma penalidade e não foi atendido por Cavani, que errou sua cobrança. A partir daí, o caso dominou o noticiário esportivo. Segundo o diário francês L’Equipe, o brasileiro e o uruguaio só não partiram para agressão porque foram contidos por colegas. O PSG efetivamente se tornou o clube mais comentado da Europa, mas não por uma boa causa.

Nesta segunda-feira, o diário El País informou que Neymar ficou “isolado” do grupo após a polêmica sobre quem bateria os pênaltis e faltas. Segundo o jornal espanhol, o PSG teria tentando resolver a questão “comprando” o protagonismo de Cavani – na verdade, abrindo mão de uma cláusula do contrato do uruguaio, que receberia 1 milhão de euros se fosse artilheiro do Campeonato Francês. Diante dos problemas com Neymar, o magnata Al-Khelaifi teria oferecido a quantia independentemente do número de gols marcados. Cavani, porém, teria sido taxativo: recusou o “brinde” e, por estar há quatro anos no PSG e ser o terceiro capitão, queria seguir batendo os pênaltis. Ainda segundo o El País, o uruguaio teria sido apoiado pela maioria do grupo. A reportagem termina dizendo que o “jantar de reconciliação” promovido por Daniel Alves, melhor amigo de Neymar no time, teria sido “tão animado quanto um velório.”

‘Panelinha’ brasileira

A julgar pelas fotos e declarações dos atletas do PSG, no entanto, é difícil acreditar que Neymar perderia uma queda de braço com Cavani. O camisa 10 do time é muito próximo dos compatriotas – Daniel Alves, Marquinhos, Lucas Moura, Thiago Motta e do capitão do time, Thiago Silva. Além disso, demonstra bastante afinidade com estrelas do time, como o italiano Marco Verratti, os argentinos Pastore e Di María e os franceses Adrien Rabiot e Kylian Mbappé. Todos eles foram fotografados neste fim de semana na festa de aniversário de 33 anos de Thiago Silva – Cavani, ausente, preferiu andar a cavalo em um sítio. Além disso, quem mais importa, o dono Al-Khelaifi, certamente não baterá de frente com Neymar caso precise tomar partido.

Até o momento, os chefes do PSG tem se mostrado completamente passivos diante do problema, o que só faz crescerem as especulações. O técnico Unai Emery, que num primeiro momento disse que não hesitaria em tomar uma atitude e escolher o batedor caso Neymar e Cavani não entrassem em consenso, manteve o mistério na última sexta-feira. “Antes o batedor era Cavani, agora são Cavani e Neymar, eles podem assumir essa responsabilidade. Quando chegar um momento decisivo, você pode ganhar um título em um tiro penal e eu sei quem é o primeiro batedor”, disse, em entrevista coletiva.

Coincidentemente ou não, no mesmo dia Neymar foi cortado da partida do último sábado, diante do Montpellier, alegando uma pequena lesão no pé. Sem seu principal jogador, o PSG perdeu seus primeiros pontos na liga francesa, no empate em 0 a 0. Na quarta-feira, o PSG receberá o Bayern de Munique pela segunda rodada da Liga dos Campeões, no primeiro grande confronto do time que sonha em conquistar a Europa pela primeira vez. A expectativa é que Neymar e Cavani estejam em campo. Até lá, deve haver mais especulação sobre a rixa entre os atacantes do time. (Veja)