Já estamos com a mão na taça.A afirmação foi feita sem pudores por Carlos Alberto Parreira, coordenador técnico da seleção brasileira, no dia em que o grupo se apresentou na Granja Comary, em Teresópolis, para iniciar a preparação para a Copa do Mundo. O tom de otimismo usado desde a conquista da Copa das Confederações, no ano passado, foi ainda mais elevado na primeira entrevista coletiva.
Experiente na competição, já que foi campeão em 1970, como preparador físico, e 1994, como técnico, além de ter disputado inclusive por outras seleções, Parreira disse que o mais importante é ganhar o título fora de campo. E que isso o Brasil já conseguiu em 2014.
- O que aprendi em seis ou sete Copas? Que ganhar fora do campo é o mais importante, e não é fácil. Envolve parte operacional, logística, planejamento, relacionamento com torcedores, imprensa, ambiente de trabalho. E isso nós já conseguimos, portanto já estamos com uma mão na taça.]
Assumir o favoritismo escancaradamente também faz parte da estratégia de inflamar o povo em torno da seleção brasileira. Na opinião de Parreira, não há motivos para duvidar do hexacampeonato, embora ele reconheça adversárias fortes e faça uma ressalva:
- Quantos favoritos não fracassaram? Em 2002, 90% da mídia especializada apontava Argentina e França como favoritas e elas não passaram da primeira fase. Somos favoritos, sim. Não temos obrigação de ganhar, mas somos favoritos. Confiamos nesses jogadores, olha o time que temos. A zaga mais cara do mundo, um timaço. São jogadores experientes, respeitados no futebol mundial, jogamos em casa. Apenas retratamos o que sentimos.
“É um resgate que tem de ser feito. Já perdemos uma Copa e não queremos perder a segunda. A seleção será motivo de orgulho, vai ser apoiada, incentivada, o torcedor será o 12 jogador, como foi na Copa das Confederações. Eu já conversei com o Flávio Costa (técnico do Brasil na Copa de 1950, quando a Seleção perdeu a final para o Uruguai no Maracanã) e as coisas que ele me contou de fora do campo eram inacreditáveis, com políticos no vestiário. O fora de campo não ajudou.”
Manifestação na chegada da Seleção
“Cada um interpreta da maneira que interessar. Houve um contratempo no início, com 200 pessoas no máximo. A Seleção é um patrimônio cultural e histórico do povo. Ninguém está contra.”
Preparação
“Os testes físicos e exames médicos vão nos dar condições de avaliarmos a condição de cada um e centrarmos o trabalho nas necessidades individuais. O time já está formado, esses amistosos serão um reencontro importante para começarmos bem na estreia.”
Condição física dos jogadores
“Eles não chegaram desgastados, acho que o número médio de atuações deles na temporada foi o mais baixo das últimas Copas. Se alguém não estiver na melhor condição agora, com certeza estará até o início da competição. A princípio, ninguém preocupa. É uma situação boa, confortável. O mais importante é a alegria, o brilho no olho de cada um, a felicidade de estar aqui.”
Chegou o time campeão?
“Chegou. Chegou e bem chegado.”
Análise dos rivais
“Já temos 16 equipes totalmente observadas: os melhores jogadores, a maneira de jogar, bolas paradas. Não apenas nossos adversários. Do grupo que tem Itália, Uruguai e Inglaterra, pode ser qualquer um dos três. Do confronto das oitavas, temos que ver Chile, Holanda e Espanha. Já nos adiantamos e não seremos surpreendidos.”
Abertura para imprensa e torcida
“Vamos tentar evitar abertura total e fechamento total. É importante treinar com tranquilidade e segurança, e que vocês sejam atendidos na necessidade de fazer a cobertura. A segurança não permite que haja mil pessoas aqui por dia. A Seleção não ficará exposta por isso. Não somos nós que não queremos presença de público. Estamos até pensando em sortear 10 ou 15 torcedores para virem aqui.”
Críticas de Filipe Luis sobre critérios da convocação
“O critério é não ter critério, não ficar preso a dogmas, convocar de acordo com o interesse do treinador. O Filipe Luís esteve conosco, é um bom jogador, tem direito de achar isso, assim como o treinador tem o direito de escolher seus jogadores e fez a opção pelo Maxwell. Não temos que ficar contestando ou rebatendo.”
Neymar na Europa
“É o mesmo Neymar, muito mais experiente, reconhecido internacionalmente, talvez, como um dos três melhores jogadores do mundo. Essa estampa ele ganhou no Barcelona. Ele volta de maneira diferente, com uma experiência que só vai agregar em sua performance, muito mais consistente.”