Ele promete mesmas chances aos dois; Ronaldinho volta ao time contra o Chile
A convocação da seleção brasileira para os amistosos contra Itália e Rússia, anunciada nesta terça-feira, trouxe como grande novidade a troca de Ronaldinho por Kaká. O técnico Luiz Felipe Scolari tentou explicar a decisão e prometeu que os dois jogadores, que já foram eleitos como melhores do mundo, vão receber as mesmas chances até a convocação para a Copa das Confederações - entre 15 e 30 de junho -, mas deu a entender que será um ou outro, e que inicialmente não está nos seus planos escalar os dois trintões: em junho, Kaká terá 31 anos, e Ronaldinho, 33. "Não sei. Vou primeiro observar esses quatro jogos com atenção", disse Felipão, ao ser questionado sobre a possibilidade de os dois craques atuarem juntos ou mesmo serem convocados para a Copa das Confederações.
Kaká e Ronaldinho não são convocados simultaneamente desde abril de 2009, quando Dunga os chamou para as partidas contra Equador (em Quito) e Peru (em Porto Alegre), pelas Eliminatórias da Copa. No empate por 1 a 1 com o Equador, Ronaldinho foi titular e Kaká não jogou. Quatro dias depois, Kaká reassumiu a camisa 10 e Ronaldinho só entrou no segundo tempo, no lugar de Elano. Kaká e Ronaldinho juntos como titulares, então, não acontece há cinco anos: foi em 21 de novembro de 2007, na vitória por 2 a 1 sobre o Uruguai, também pelas Eliminatórias, no Morumbi. Naquele jogo, o Brasil só virou depois que Ronaldinho saiu para dar lugar ao volante Josué - e o meia foi perdendo espaço com Dunga até deixar de ser chamado. Ele só voltaria à seleção com Mano Menezes, mas já estava fora dos planos quando Kaká foi chamado, em outubro do ano passado, para os amistosos contra Iraque e Japão.
Felipão só prometeu chances iguais aos dois jogadores. "O Kaká está sendo convocado dentro daquela igualdade que vou dar a todos os atletas. Um, dois jogos no mínimo." Na reestreia do técnico à frente da seleção brasileira, contra a Inglaterra, em 6 de fevereiro, Felipão convocou Ronaldinho e deixou Kaká fora, que não vinha jogando com constância no Real. Agora é o atleticano quem não enfrenta italianos, no dia 21 de março, em Genebra, e russos, quatro dias depois, em Londres. Mas, de acordo com o planejamento de Felipão, Ronaldinho volta à equipe para enfrentar o Chile, dia 24 de abril, no Mineirão, quando só jogadores que atuam no Brasil serão convocados. Com isso, os dois concorrentes terão cada um duas partidas para garantir lugar na Copa das Confederações. "Depois do jogo de 24 de abril, com os jogadores que atuam no Brasil, é que eu vou ter uma ideia de quem convocarei."
Defesa - Durante a entrevista desta terça, Felipão falou também que pretende mexer no jeito de jogar para dar mais consistência defensiva à seleção. A mudança de postura pode ser notada na lista: se para enfrentar a Inglaterra Felipão só chamou volantes que saem para o jogo (Arouca, Hernanes, Paulinho e Ramires), agora resolveu dar mais espaço a marcadores, como Luiz Gustavo (Bayern de Munique) e Fernando (Grêmio). "Não quero deixar meus zagueiros no mano a mano. Não vão ficar expostos toda hora." Ao explicar a opção por Fernando, Felipão deixou claro suas intenções. "Pelas características, ele pode ser o jogador mais indicado para a posição. Não gosto de deixar minha defesa exposta, sem um jogador com características defensivas."
Em diversos momentos, Felipão indicou que quer a seleção brasileira com uma estrutura tática mais protetora, dando espaço para os jogadores mais talentosos. "Comigo não tem esse negócio de que volante tem de chegar na frente. Não posso tomar gol. Se não tomarmos nenhum gol, na frente meu time vai fazer pelo menos um e vencemos por 1 a 0." Sobre Diego Costa, atacante de 24 anos, do Atlético de Madri, Felipão disse que suas características o agradam. "É um atleta que tem uma característica importante para o grupo. É muito forte, sabe guardar posição. Faz com que atletas que joguem ao seu lado se sintam confortáveis, em uma posição melhor, porque ele luta muito."
Mudanças - Ao fim da derrota por 2 a 1 para a Inglaterra, um mês atrás, em Londres, Felipão elogiou a equipe. Na semana passada, mudou o tom e disse que iria mudar o posicionamento do time nos próximos amistosos. Já nesta terça-feira ele deu mais detalhes de como pensa. "O coletivo é mais importante do que qualquer coisa. Vi a Inglaterra bem organizada, bem postada, mas o meu time com algumas dificuldades quando perdia a bola. Aí vamos ter de corrigir esse posicionamento. Temos de dificultar a saída de bola dos adversários. Temos de ter uma postura como equipe." Perguntado se mudaria o esquema tático, não deu detalhes. "Provavelmente vou mudar o posicionamento dos atletas. A forma como devemos jogar daqui para frente não é a mesma forma que jogamos contra a Inglaterra. Vou mudar um pouquinho só."
Fonte: Veja