O investimento está sendo aplicado em plantações de soja e milho no Mato Grosso do Sul e o escoamento da produção está sendo feito a partir da estrutura já existente em um terminal portuário da empresa no Guarujá, que antes transportava apenas suco concentrado.
Segundo o comunicado, além da produção no Mato Grosso do Sul, a empresa está comprando grãos de produtores nos estados de Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná e São Paulo.
Segundo a assessoria de imprensa da Cutrale, 100% dos grãos produzidos são exportados. A maior parte para a Ásia, que apresenta uma demanda cada vez maior para esse tipo de produto. A quantidade plantada e colhida mensalmente e o tamanho do investimento no negócio não foram divulgados.
Redução no consumo do suco
Após 40 anos dedicados apenas à citricultura, a empresa é uma das últimas do setor citrícola a diversificar a produção e não se prender apenas ao suco de laranja, que segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBr) teve seu consumo reduzido de 2,7 para 2 bilhões de toneladas, desde 2000.
Segundo Marcos Fava Neves, professor de estratégia da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, a diversificação da produção é uma maneira de reduzir os riscos. “Isso sempre reduz riscos e é mais um player ajudando nas exportações”, afirma.
Ainda segundo Fava Neves, o investimento não tem relação com a crise citrícola, causada pela supersafra de 2011, quando foram produzidas 428 milhões de caixas, capacidade superior ao processamento anual. “A diversificação mantendo o foco no agronegócio vem sendo um caminho adotado por muitas empresas, uma vez que são fantásticas as oportunidades que se abrem ao Brasil no agro para os próximos 10 a 20 anos”, comenta.
A empresa
Fundada em 1968, a Cutrale sempre foi tradicional líder nas exportações de suco de laranja do Brasil e o maior exportador global, mas hoje é a segunda maior produtora de suco de laranja no mundo, após ter sido desbancada pela fusão entre a Citrovita, do grupo Votorantim, e Citrosuco, do grupo Fisher, em 2011.
Em junho, a Cutrale anunciou a interrupção das atividades no processamento de laranja na fábrica de Itápolis e de Taquaritinga, ambas no interior de São Paulo.
A decisão afetou 123 trabalhadores das duas cidades. Segundo comunicado oficial divulgado na época, a “decisão foi baseada na situação atual do mercado citrícola com previsão de nova safra elevada de laranja e níveis altos de estoques de suco, decorrentes da safra recorde do ano passado, e da retração do consumo mundial de suco de laranja”.
Da EPTV