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As usinas da região Centro-Sul do país elevaram em 43,33% a produção de etanol hidratado até o final de janeiro deste ano, aponta um levantamento divulgado na terça-feira (12) pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).

De acordo com o balanço, as plantas processaram 21,20 bilhões de litros do combustível no acumulado entre abril de 2018 e o mês passado contra 14,72 bilhões na safra anterior.

A maior produção está associada a uma procura mais elevada pelo produto que compete com a gasolina, e que, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Biocombustíveis e Gás Natural (ANP), caiu 7,7% em todo o Estado de São Paulo em janeiro, contrariando a tendência de alta esperada para o período da entressafra.

Segundo a Unica, as unidades produtoras da região Centro-Sul venderam 1,83 bilhão de litros, 32,45% a mais que na safra/2017/2018.

Os números também estão associados à maior produção de etanol, em detrimento do açúcar, menos rentável no mercado internacional. De todo o processamento de cana-de-açúcar, 64,56% foi direcionada ao combustível, margem maior que na safra anterior, de 53,10%.

De acordo com o economista e especialista em agronegócios José Carlos de Lima Junior, o etanol hidratado ficou mais viável ao consumidor graças ao aumento na produção das usinas e à política de preços da Petrobras, que encareceu a gasolina ao repassar as oscilações do barril de petróleo no mercado internacional.

    "Faz com que o litro da gasolina fique caro para ser abastecido, aí o consumidor acaba priorizando o etanol hidratado e as usinas acabaram aproveitando essa demanda de mercado muito aquecida e direcionando a produção da safra 2018 para uma safra predominantemente alcooleira", diz.

Nesse cenário, a Unica também apontou que, apesar de ter registrado uma moagem 3,52% inferior, registrou aumento de 0,90% no nível de produtividade, hoje de 138,5 quilos de açúcares totais recuperáveis (ATR) por tonelada de cana.

Açúcar em baixa

Menos representativo na produção das usinas, o açúcar respondeu por 35,44% do processamento na safra 2018/2019, depois de figurar com 42,72%, segundo a Unica.

As indústrias produziram 26,36 milhões de toneladas até o final de janeiro, 26% a menos que na safra anterior, com 35,83 milhões.

    "Tivemos um preço do açúcar muito ruim no mercado internacional marcado principalmente por uma grande oferta de açúcar por outros países, principalmente a Índia. Isso fez com que o açúcar caísse em termos históricos em um dos menores valores nos últimos dez anos. As usinas, de certa maneira, acabaram priorizando a produção de etanol em detrimento do açúcar", comenta Lima Junior.

Segundo o economista, não é possível adiantar até quando o mix continuará se comportando dessa maneira, mas a tendência, segundo ele, é de que o açúcar volte a ser mais rentável para os usineiros a partir do momento em que os estoques do produto no mercado interno se reduzirem.

"A partir do momento que você prioriza a produção de etanol, põe muito etanol no mercado, você diminui a oferta de açúcar. O consumo vai continuar acontecendo, as indústrias vão utilizar açúcar para a produção de biscoito, bolachas e outros alimentos. (...) A partir de dois, três anos a depender do volume de estoque, o preço do açúcar começa a ficar melhor, aí automaticamente você passa a priorizar a produção do açúcar." (EPTV)