As tecnologias empregadas no cultivo em estufas, vem instigando os jovens filhos de produtores rurais, a criarem o seu próprio negócio rural . Visando mostrar esta nova realidade, nossa reportagem foi a campo para levar até você um pouco desta cultura e mostrar porque as estufas estão atraindo os produtores e resgatando os jovens no campo. (Fotos e Reportagem: João Reis/JKA - Colaboração: Eng. Agr. Sílvio C.Pereira dos Santos) - CLICK aqui e Veja Galeria de Fotos!
Em 2008 diante da crise que instalava-se na citricultura, surgiu no município de Itápolis um projeto, idealizado pela Casa da Agricultura e apoiado pela Prefeitura Municipal de Itápolis e pelo Sindicato Rural, cujo objetivo era criar uma alternativa de renda para os produtores rurais.
Este projeto consistia, no cultivo em ambiente protegido (estufas), e logo despertou o interesse de muitos produtores. Já no ano seguinte, como a indútria abriu a safra comprando a caixa de laranja por R$ 14,00, a grande maioria dos produtores perderam o interesse pelo projeto.
No entanto quem persistiu na empreitada, atualmente está colhendo os frutos de uma atividade que está permitindo aos pequenos e médios produtores auferirem uma excelente renda em uma pequena área, conferindo desta forma uma grande estabilidade financeira ás suas famílias. Hoje o município de Itápolis possui 2206 propiedades, tem 43 produtores cultivando pimentão, tomate e pepino japônes, em 120 estufas de 1000m2 cada uma.
Para se ter uma idéia o município de Tabatinga, que possui a metade do número de propriedades, tem o dobro de estufas em relação a Itápolis, pois o projeto iniciado aqui se espalhou por toda a região.Mas por outro lado, Itápolis, se destaca pelo uso mais intensivo de tecnologia.
A seguir apresentaremos o depoimento de alguns produtores de Itápolis que apostaram na atividade e estão bastante entusiasmados.
FAMÍLIA BRUMATTI
Os produtores Paulo Henrique Brumatti e Francisco Carlos Brumatti (Foto acima que destaca esta matéria) explicam porque resolveram investir na cultura em estufas; "A gente saiu da laranja porque não tinha condições e a nossa salvação foi a estufa. A principal dificuldade no começo é que não conhecíamos a cultura, mas contamos com uma ajuda muito grande da Casa da Agricultura e o negócio engrenou". Com duas estufas de 1000m2 cada, a família Brumatti cultiva Tomate, Pimentão e Pepino e hoje comemora o sucesso da alta produtividade. "Atualmente nossa média de colheita anual é de 1900 caixas de pimentão, 900 caixas de tomate e 1000 caixas de pepino, por estufa de 1000m2, por safra.
O segredo de tudo é o manejo" contam. Além de contarem com suporte especializado da Casa da Agricultura, através do engenheiro Sílvio Carolos Pereira dos Santos, os Brumatti também vivem inovando por iniciativa própria para conseguirem um melhor desempenho da produção.Entre várias técnicas e melhorias realizadas por eles destaca-se um sistema de captação de água da chuva, que vem do telhado das próprias estufas para um tanque com capacidade de armazenamento de 22 mil litros de água. Após a captação, a água é utilizada para a irrigação das plantas através de um sistema de bombeamento construído por eles. Além disto eles seguiram a risca o conselho do engenheiro Sílvio e substituiram a cobertura plástica dos canteiros (mulching), por cobertura com palha no plantio. "A matéria orgânica não queima a muda e combate o nematóide"; explica o engenheiro agrônomo Silvio.
De acordo com os Brumatti o mercado é animador. "A gente vende tudo para São Paulo e os preços de venda são bons, o que garante o investimento na produtividade". Segundo eles, a demanda é tanta que não conseguem atender a todos. "Tem bastante procura mas não conseguimos atender a todas as demandas. Temos conseguido vender a preços médios ótimos: Tomate Normal R$ 30,00 a caixa, Pepino R$ 25,00 a caixa e Pimentão a R$ 30,00 a caixa".
VALDECIR FERNANDES
O produtor e técnico em agropecuária há 20 anos, Valdecir Fernandes também comemora o sucesso do investimento em estufas. Ele possui duas estufas grandes onde cultiva pepino e pimentão mas já esta terminando a construção de mais uma. "O objetivo é chegar em torno de 5000 a 6000 metros", diz. Para ele a principal vantagem da cultura é que "Você tem uma garantia melhor na proteção contra as intempéries. Não tem que brigar com o tempo porque o cultivo é feito em ambiente protegido". Fernandes explica ainda que a principal dificuldade que enfrentou no começo foi encontrar mão de obra qualificada. "Agora já estou tranquilo com o meu quadro de funcionários, altamente qualificados.
Para garantir a produção, Fernandes tem 2 funcionários dedicados. "O cultivo em estufas é um trabalho apaixonante,diz Valdecir, que após um período de adaptação inicial, o mesmo se tornou muito prazeroso.
RAFAEL MULLER
Já o que atraiu Rafael MUller, 29 anos, para as estufas foi a tecnologia. Muller trabalhava como técnico em computação gráfica e tinha um bom emprego mas resolveu largar tudo e ajudar seu pai, Valentim Muller, nas estufas. "O mais importante para mim é que hoje eu sou o patrão e o que eu ganho é muito mais do que eu ganhava na cidade.
Estou de casamento marcado porque o trabalho nas estufas já me deu condições para isto". A família Muller investiu em todas as tecnologias de ponta para garantir alta produtividade e qualidade, como sensores,que monitoram a umidade relativa do ar,a temperatura e a luminosidade dentro da estufa,e dispnibilizam esta informações em tempo real via celular, onde estiverem. Outro investimento importante foi o sistema de proteção nas laterias das estufas(cortinas), que ajuda a melhorar o controle fitossanitário.
Com tudo isto Muller comemora o alto desempenho da produção e faturamento. "A vantagem é que a venda é garantida, a demanda supera a oferta e a nossa dificuldade é como atender a todos os compradores. Priorizamos os parceiros que garantem a compra em qualquer época". Segundo Muller o que lhe deu mais satisfação com as estufas foi a união familiar. "Quase não via meu pai e agora a gente convive diarialmente todo dia. isto é o que me deixou mais feliz". Rafael diz que a estabilidade financeira, promovida pela atividade, o estimulou a dar um passo mais sério agora, e já marcou o seu casamento para 2015.
Concluindo, podemos ver através dos relatos dos produtores que o cultivo em estufas é uma atividade bastante promissora, pois além da rentabilidade tem um grande mercado a ser explorado, pois atualmente, além de oito compradores do CEAGESP de São Paulo, que estão atuando na compra destes produtos na nossa região, temos os barracões de frutas da região e os compradores do CEASA de Ribeirão Preto, Rio Preto e Jaú disputando a mercadoria da nossa região, que hoje está sendo insuficiente para suprir toda esta demanda.