Sebastião Antônio dos Santos, trabalhador rural de Guariba (SP) (Fotos: Reprodução/EPTV)
De Chapada do Norte (MG), Sebastião Antônio dos Santos chegou à região de Ribeirão Preto nos anos 1980 em busca de oportunidade no corte da cana-de-açúcar e, por muito tempo, foi assim que ele sustentou sua família. Mas, quase 40 anos depois, achar emprego na lavoura não tem sido mais tão fácil.
"O emprego é menos, você tem que arranjar. De primeiro você saía de um lugar e entrava em outro rapidinho, hoje não pode. Se você sair você fica sem trabalhar", diz o morador de Guariba (SP).
A história do trabalhador rural expõe um lado dramático da modernização do campo e do fim da queima da cana a partir de janeiro em São Paulo, maior estado produtor do país. As tecnologias e as novas regulamentações melhoram a eficácia do plantio e reduzem os impactos ambientais, mas a falta de qualificação profissional deu margem para um problema social: os empregados demitidos do campo que não conseguiram migrar para outros setores acabaram desempregados.
"A tecnologia vai avançando e vai desempregando. Infelizmente a terra, num futuro próximo, não vai ter mais a função de empregar as pessoas, porque a mecanização não vai precisar tanto do ser humano pra ser operada. Infelizmente estamos passando por esse momento e a tendência é piorar a situação", afirma o presidente do Sindicato dos Empregados Rurais de Guariba, Wilson Rodrigues da Silva.
O município de 35,4 mil habitantes na região de Ribeirão Preto (SP), de acordo com ele, já chegou a atrair 9,5 mil pessoas para o corte da cana na safra. Hoje os empregados não passam de 150. " É pouca gente na cana, quase não tem ninguém, cada vez está ficando pior", diz o trabalhador rural José João Macedo, que após 35 anos de lavoura conta com a aposentadoria antes de enfrentar o drama do desemprego.
Fim da queima da cana
De acordo com o protocolo agroambiental firmado entre usinas e secretarias estaduais de Meio Ambiente Agricultura, a queima da plana da cana está proibida nas áreas planas de São Paulo desde a safra 2014/2015. Para os demais tipos de terreno, com inclinações, esse prazo acaba no início de 2018.
Em termos ambientais, a medida representou um avanço no período de adequação, com uma redução de 65 milhões de toneladas de poluentes emitidos, além de uma ampliação da produtividade. A mecanização representa uma colheita média de 40 toneladas de cana por hora em São Paulo, o equivalente ao trabalho de dez homens.
Segundo a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), durante a fase de adequação foram registradas 400 mil requalificações nos setores agrícola e industrial, além das normas reguladoras. Mas quem não conseguiu se instruir ou migrar para outros setores, como a indústria e a construção civil, hoje já não encontra trabalho no campo.
"O nosso pessoal que vinha de fora, por exemplo, não tinha condição nem de fazer um curso. Infelizmente muitos poucos foram. A mecanização não iria suprir a mão de obra", afirma o presidente do sindicato em Guariba.
Em contrapartida, quem conseguiu se preparar e estudar hoje confirma uma melhora de ganho salarial e das condições de trabalho. Hoje operador de máquina em uma usina da região de Ribeirão Preto, Cléber Gustavo Pavão não sente saudade do tempo em que fazia a colheita manual. "Não é bom não, bom é evoluir, pra frente, melhorar as coisas", afirma.Segundo a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), durante a fase de adequação foram registradas 400 mil requalificações nos setores agrícola e industrial, além das normas reguladoras. Mas quem não conseguiu se instruir ou migrar para outros setores, como a indústria e a construção civil, hoje já não encontra trabalho no campo.
"O nosso pessoal que vinha de fora, por exemplo, não tinha condição nem de fazer um curso. Infelizmente muitos poucos foram. A mecanização não iria suprir a mão de obra", afirma o presidente do sindicato em Guariba.
Em contrapartida, quem conseguiu se preparar e estudar hoje confirma uma melhora de ganho salarial e das condições de trabalho. Hoje operador de máquina em uma usina da região de Ribeirão Preto, Cléber Gustavo Pavão não sente saudade do tempo em que fazia a colheita manual. "Não é bom não, bom é evoluir, pra frente, melhorar as coisas", afirma.
Do G1