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O governo federal vai realizar leilões semanais para compra de laranja de produtores paulistas e mineiros a partir do próximo mês, segundo o presidente da câmara setorial de citricultura do Ministério da Agricultura, Marco Antônio dos Santos.

A medida tenta amenizar a queixa dos citricultores sobre a baixa remuneração da fruta, reduzindo os impactos da supersafra neste ano --a oferta recorde derrubou o preço pago ao citricultor.

 

É forte a presença da citricultura na região de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), principalmente em Araraquara e Bebedouro.

Realizar leilões semanais significará dobrar a quantidade de eventos dessa natureza, já que atualmente são feitos apenas dois por mês, de acordo com Santos.

Também deve dobrar o limite máximo de comercialização nos eventos. Passará de 20 mil caixas por produtor para até 40 mil.

Entidades do setor e especialista consideram a iniciativa positiva principalmente para os produtores, que dizem enfrentar uma de suas piores crises na atividade.

Flávio de Carvalho Pinto Viegas, presidente da Associtrus (entidade que representa produtores), avalia que a intensificação dos leilões é "uma ajuda bem-vinda, principalmente neste momento" em que a caixa sai por R$ 7.

Os créditos para os leilões chegam a R$ 120 milhões e visam a garantir R$ 10,10 por caixa, com prêmio máximo de R$ 3,16 a caixa.

Ele disse, no entanto, que dificuldades burocráticas ainda emperram a participação de produtores menores nos leilões. Quanto a isso, o Ministério da Agricultura tem realizado reuniões para explicar os procedimentos aos interessados, segundo o presidente da câmara setorial.

PARA O CONSUMIDOR

Para Marcos Fava Neves, especialista em agronegócio da USP, a ampliação dos leilões não deve gerar queda no custo ao consumidor, "pois o preço já está muito baixo".

Em nota, a Citrus Br (representante da indústria e de exportadores) afirmou: "Os leilões funcionam como um complemento de renda, o que é positivo para o setor".

Segundo a entidade, as dificuldades atuais do setor se devem também à queda do consumo no mercado externo. A indústria estima que, ao final da safra, ao menos 30 milhões de caixas de laranja serão perdidas nos pomares.

Foto e reportagem da Folha de São Paulo