Eles reclamam de porcentagem de frutas contaminadas que reprova lote inteiro em inspeção. Reclamações serão levadas ao governo federal.

cancro

Reunião com citricultores e representantes das secretarias estaduais e do Ministério da Agricultura discutiu sobre o cancro em Araraquara.

Nos últimos cinco anos, os casos de cancro cítrico nos pomares do Estado de São Paulo aumentaram 10 vezes, segundo um levantamento do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). Com essa situação, foram definidas novas regras para tentar controlar a doença, mas alguns produtores estão preocupados com algumas medidas. Uma reunião com citricultores e representantes das secretarias estaduais e do Ministério da Agricultura discutiu o assunto na terça-feira (17), em Araraquara.

Aumento da incidência do cancro
Segundo o Fundecitrus, somente 1,39% dos pomares do de São Paulo tinham frutas contaminadas em 2012. Nesse ano, o índice subiu para 13%. A doença, que é causada por uma bactéria que prejudica as folhas e faz a fruta cair, gera prejuízos há 60 anos para os produtores de laranja, limão e tangerina em todo o Brasil.

Os sintomas não afetam a qualidade e o sabor do produto, mas sim as vendas. Uma laranja contaminada, por exemplo, fica com aparência ‘feia’ e só pode ser vendida para a indústria de sucos, o que diminui o poder de negociação do produtor.

“Nos últimos três anos isso se tornou cada vez mais evidente. A gente começou a observar propriedades que a gente nunca teve problema isso aparecendo”, disse o produtor rural Danilo Davoglio.

Mudança na lei de combate
O tema principal da reunião foi uma mudança na lei que regulamenta o combate ao cancro cítrico, permitindo que o produtor mantenha plantas doentes. Contudo, ele só pode vender as frutas que estiverem sadias.

Os próprios produtores aprovam a iniciativa, mas pedem mudanças no jeito de fazer o controle e o manejo. Em vez de arrancar os pés contaminados, os produtores precisam adotar medidas que protejam mais as árvores e evitem a contaminação.

Uma delas é o quebra-ventos, é como se fosse um grande muro formado por árvores que impedem a entrada da bactéria no pomar. Os equipamentos e máquinas tem que ser desinfectados e os frutos contaminados também precisam ser eliminados.

Além disso, a colheita tem que ser levada para unidades de embalagem autorizadas pelo estado. Os frutos passam por uma inspeção, mas se mais de 1% estiver contaminado, o lote inteiro é reprovado, o que preocupa os citricultores.

“Eu acho que a história de ter uma porcentagem mínima de cancro na fazenda não é necessário, isso independe. O que é importante é que a partida que saia da fazenda não tenha lesão de cancro”, explicou o citricultor José Eduardo Teófilo.

As reclamações serão levados para o governo federal para uma análise. “Há uma proposta para que o governo faça uma reunião e reveja esses pontos positivos e os pontos que não poderão ser adotados sejam explicados para o produtor”,ressaltou o coordenador adjunto de Defesa Agropecuária Mário Tomazela.

Muitos pontos ainda vão ser discutidos. “O cancro é um problema coletivo. Se nós não nos adequarmos, ou se o parque citricula não tiver essa preocupação, nós estamos fadados a não ter mais essa produção”, afirmou o produtor Davoglio. (EPTV)