Um dos principais polos sucroalcooleiros do país, a região de Ribeirão Preto só perde em queimada de cana-de-açúcar para Sorocaba. A um ano do prazo para o fim do corte manual, o nordeste paulista tem o segundo pior índice de mecanização (64,7%).
Para cada dez hectares do produto cortado, 4,6 hectares foram queimados na última safra. Isso significa danos ambientais --fauna e flora afetados pelo fogo-- e à saúde --como problemas respiratórios.
No Estado, a média de mecanização é de 72,6%. A região líder é a de São Carlos e Araraquara, com 82,8%, segundo a safra 2012-2013.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e entidades representantes de usineiros e de fornecedores responsabilizam a falta de mecanização dos pequenos produtores e áreas com declive acentuado pela prática.
No próximo ano, os grandes produtores e as usinas signatárias do Protocolo Agroambiental, firmado em junho de 2007, não poderão mais queimar a cana, dificultando o corte manual.
Para pequenos produtores --com áreas de até 150 hectares--, a regra só passa a valer em 2017.
O coordenador de fiscalização ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Ricardo Viegas, afirmou que os pequenos proprietários são os que menos adotaram as práticas sustentáveis.
"Hoje, 85% da mecanização está em propriedades de usinas. Entre os pequenos produtores, chega a 50%", diz.
Apesar de o percentual na região de Ribeirão estar abaixo da média do Estado, a pasta vê o índice como avanço.
Na década passada, de 3,2 milhões de hectares em São Paulo, apenas 1 milhão era colhido cru. "Hoje são 4,6 milhões de hectares plantados, dos quais 3,3 milhões são mecanizados."
O pneumologista Pedro Luiz Pompeu, do Hospital São Francisco, diz que a queima da cana pode provocar efeitos leves na respiração, como irritação da narina, ressecamento bucal e tosse seca, ou agravar doenças preexistentes, como asma.
As partículas geradas com a combustão atuam como irritantes do trato respiratório, diz ele. A queima também pode ocasionar lesões equivalentes às provocadas pelo tabagismo ou uso de fogão a lenha em ambientes fechados.
Da Folha de São Paulo