O greening (huanglongbing/HLB) é a mais destrutiva doença das citriculturas brasileira e mundial. Os últimos dados, de 2017, indicam que o greening está presente em 16,73% das laranjeiras do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. Em números, são 32 milhões de árvores infectadas. Para controlar o inseto transmissor da doença, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) estão desenvolvendo, conjuntamente, inseticidas naturais.
O greening é causado pelas bactérias Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus, transmitidas para os pomares pelo psilídeo Diaphorina citri. O inseto é comumente encontrado na planta ornamental Murraya spp., popularmente conhecida como murta ou dama da noite. Quando as plantas estão infectadas, a solução é eliminar as árvores, evitando, assim, que o psilídeo transmita a bactéria para as plantas sadias.
O pesquisador do Fundecitrus Rodrigo Facchini Magnani explica que as pesquisas têm como objetivo desenvolver compostos voláteis (aromas) com propriedades repelentes e atraentes ao psilídeo, para que o inseto possa ser repelido dos pomares de citros e atraído para outros locais, já que ele não afeta outros tipos de planta nem causa riscos à saúde humana.
Como parte desta cooperação, o Fundecitrus adquiriu um dessorvedor térmico, instalado no Laboratório de Bioquímica Micromolecular de Microorganismos (LaBioMMi), coordenado pelo docente do Departamento de Química (DQ) da UFSCar Edson Rodrigues-Filho, que também está atuando no projeto. Em 2007, o laboratório adquiriu, com recursos advindos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), um cromatógrafo a gás acoplado com espectrometria de massas (GC-MS). Este aparelho já vem sendo utilizado para o estudo de compostos voláteis que possivelmente estariam envolvidos com o transmissor do greening.
As pesquisas focam nas moléculas produzidas por plantas que são repelentes ao psilídeo. O dessorvedor térmico é conectado ao GC-MS e permite investigar melhor as moléculas estudadas, além de ter papel fundamental na maneira de coletar as amostras, o que precisa ser feito no estado natural da planta, sem interferências. O equipamento possui tubos com adsorventes, onde são concentradas as moléculas que formam os odores coletados da planta. Em seguida, um gás aquecido passa pelos tubos, conduzindo as moléculas para o cromatógrafo e espectrômetro de massas, podendo assim ser identificadas e quantificadas. "Além do estudo em parceria com o Fundecitrus, este equipamento irá auxiliar nas outras linhas de pesquisa desenvolvidas no laboratório", diz Rodrigues-Filho. A previsão é que os compostos sejam testados em um período de um ano.
A cooperação entre a UFSCar e o Fundecitrus também abrange a área de ensino. "O acordo permite que os alunos do mestrado desenvolvido no Fundecitrus façam disciplinas na UFSCar e vice-versa, além de utilizar da infraestrutura de pesquisa", explica Magnani. (Fundecitrus)