A SouthRock Capital, empresa em recuperação judicial que detinha os direitos para operar as lojas do Starbucks no Brasil, aceitou uma proposta da ZAMP, franqueadora e operadora das marcas Burger King e Popeyes no país, para a possível aquisição dos bens e direitos referentes às operações da rede de cafeterias.

A informação foi confirmada pela ZAMP em um comunicado ao mercado. Segundo a empresa, essa é uma oferta não vinculante e os termos da proposta são confidenciais.

Uma oferta não vinculante é uma etapa comum em processos de fusão ou aquisição de empresas. Nesse tipo de proposta, a companhia interessada na compra apresenta um documento confirmando esse interesse, para que a outra empresa apresente, legalmente, seus documentos.

Segundo o analista de investimentos Vitor Miziara, a ideia principal de uma oferta não vinculante é jogar luz sobre a situação e os números da empresa que pode ser comprada, com a companhia interessada pedindo os documentos para realizar uma diligência.

"É a ZAMP falando 'eu tenho mesmo a intenção de comprar (a operação da Starbucks) e quero abrir seus documentos para poder ver se não tem nada muito fora do que vocês publicam, nada muito estranho'", explica.

Agora, após a SouthRock ter aceitado a proposta, a ZAMP vai analisar os números da operação do Starbucks no Brasil e, se o interesse em adquirir os negócios para operar a rede permanecer, o próximo passo é apresentar uma oferta vinculante — que, de fato, é uma proposta de compra, com oferta de valores, condições do negócio e outras informações.

"A Companhia iniciará uma diligência nos Ativos Starbucks Brasil a fim de confirmar seu interesse na aquisição dos referidos ativos e apresentar uma oferta vinculante", disse a ZAMP, em nota.

A operação do Starbucks no Brasil

As primeiras notícias sobre o interesse da ZAMP nos direitos de operar o Starbucks no Brasil começaram em fevereiro, com o início das tratativas da companhia com a matriz americana da rede de cafeterias.

A SouthRock, que é operadora, também, da Subway e Eataly, perdeu o direito de usar a marca do Starbucks em fevereiro, depois de pedir recuperação judicial no fim do ano passado. O processo começou em dezembro, com o objetivo de reorganizar uma dívida estimada em R$ 1,8 bilhão.

Em seu pedido inicial de recuperação judicial, a SouthRock afirmou que a continuidade da operação da Starbucks no país é essencial para a manutenção das atividades do grupo e sua reestruturação. Por isso, o grupo pediu a suspensão da rescisão de contrato com a matriz da rede de cafeterias. A Justiça, no entanto, não aceitou o pedido.

 Recuperação judicial da SouthRock

A situação da SouthRock vem se deteriorando desde 2020, primeiro ano da pandemia de Covid-19. Naquele ano, as vendas do grupo despencaram 95%, seguidas por uma queda de 70% em 2021 e de 30% em 2022.

Segundo a empresa, suas operações foram prejudicadas, entre outros pontos, pela alta instabilidade no país, pela volatilidade da taxa de juros e pelas constantes variações cambiais.

"Motivo pelo qual a plena recomposição de seu fluxo de caixa ainda não foi atingida", escreveu a empresa no documento de recuperação. "Foi este o cenário que, lamentavelmente, gerou essa crise sem precedentes da empresa após o estado de calamidade pública instaurado".

A companhia disse ainda que a decisão tem como intuito ajustar o modelo de negócio da empresa à atual realidade econômica.

"A companhia reitera que os compromissos assumidos com os seus credores serão respeitados, seguindo as etapas, determinações e prazos legais para o desenvolvimento do processo e aprovação do plano de recuperação judicial".

Meses depois de começar a recuperação judicial do Starbucks no Brasil, a SouthRocks também entrou com um pedido, em março, de proteção das dívidas referentes à operação da Subway no país. O valor da dívida é estimado em R$ 482 milhões.

G1