O mercado da cultura se aproveita de um combustível que surgiu como uma oportunidade para novas formas de negociar obras digitais: o NFT, ou token não fungível. O selo de autenticidade digital passou a ser usado por um casal de artistas de Bauru (SP) que comercializa o trabalho e atrai colecionadores ansiosos por novos lançamentos.

Ao g1, o casal Shirley Reinis, fotógrafa de 47 anos, e Oliver Reinis, advogado de 47 anos, disse que o projeto de vender as artes digitais começou como uma diversão, já que ambos são apaixonados por fotografia e manipulação de foto.

 

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Já o movimento de tornar o projeto algo mais amplo foi concretizado no final de 2019, logo que o mercado de NFT ganhou relevância, e passou a ser intitulado "ReinisCouple". Por estarem no mercado desde o começo, eles já contam com colecionadores em várias partes do mundo.

 "Nossas artes já foram compradas por colecionadores aqui do Brasil, Estados Unidos, Inglaterra, Portugal, Finlândia, entre outros."

O casal também comentou que todo o processo de venda começa com a tecnologia de certificação por meio de blockchain, uma espécie de grande "livro contábil", que garante originalidade às obras artísticas. No caso das moedas criptografadas, como o bitcoin, esse livro contábil registra o envio e recebimento de valores.

"Depois de anexadas ao blockchain, as listamos para venda em mercados de NFT mundiais, como o Algogems, o Foundation, o OpenSea e o Objkt, além do nosso próprio site. A partir daí, as divulgamos em redes sociais e diretamente para nossos colecionadores", contam.

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Cada obra leva um tempo específico para ser elaborada: desde a fotografia que eles fazem para ser como base da manipulação até o processo criativo – que vai desde o mental à idealização do conceito.

"Quando começamos com a execução da arte no computador, pode levar desde um dia a alguns dias. Mas teve toda uma preparação anterior a esse momento", garantem.

Como o casal explicou, o mercado de arte como NFT é ótimo para os artistas e vem atraindo os consumidores. Tanto que, somado às vendas, Oliver e Shirley também conquistam reconhecimento no mercado de NFT.

As obras variam de R$ 46 a R$ 3.460, valores que dependem do tipo de licença que acompanha as fotos (desde licenças comerciais, nas quais o comprador pode usar a imagem para tudo que quiser) até restrição total (ele só pode usar para uso pessoal, para, por exemplo, imprimir e colocar em casa), do tipo de arquivo (que permite impressões maiores ou menores) e do número de edições (obras com uma edição são mais caras que obras com múltiplas edições).

"Nos últimos dois anos, vimos nossa arte ir para colecionadores nos quatro cantos do mundo, tivemos duas de nossas obras expostas por uma grande galeria de arte, que possui espaços em São Paulo e Zurique (Kogan Amaro), e que levou nossa obra para a SP-Arte deste ano, a maior feira de arte do hemisfério sul."

Para os próximos passos, o casal pontuou que já prepara o primeiro grande evento de NFT do estado de SP, que deve ocorrer em dezembro e contará com uma exposição física de NFTs, workshops e palestras sobre arte digital.

'Token social do criador'

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Shirley e Oliver carregam consigo o título de primeiros artistas a trazerem o "Token social criador" ao Brasil, segundo contaram. Essa tendência é uma das mais recentes do mundo digital e começou nos Estados Unidos.

O termo indica um tipo de economia baseada na propriedade digital, construído em torno de um princípio de "economia de propriedade" com a premissa de que uma comunidade será mais valiosa amanhã do que hoje.

"Nós criamos um token, que é semelhante a uma criptomoeda, chamado $REINIS. Esse token é distribuído gratuitamente a todos os colecionadores que compram nossos NFTs, e, em posse deles, os colecionadores terão acesso a uma série de benefícios exclusivos, como acesso antecipado a novas coleções, preços especiais para compra de novas obras, conteúdo exclusivo das nossas artes", afirmam.

O token, de acordo com o casal, serve para dar aos colecionadores acesso para que participem ativamente da construção de coleções futuras do projeto de forma com que criem laços com os colecionadores.

Portfólio

O portfólio de artes digitais do casal mostra a variedade de estilos e possibilidade de criação que acoplam no trabalho. Desde fotografias realistas, com luz natural e espontaneidade, a cenários alterados e aplicação de desenhos, o casal explora caminhos livres para imaginação.

Para a coleção intitulada "Alien X", o casal saiu pelas ruas de Bauru com duas câmeras para registrar espaços atrativos e que poderiam servir de base para o cenário e para a narrativa ali contada.

Na quarta-feira (1º), o casal lançou a terceira coleção, chamada de "Cyberscapes", que aposta no lado sci-fi apocalíptico.

O resultado do trabalho de campo misturado com a criatividade levou o casal a produzir artes diferentes, modernas, futuristas e, por vezes, surreais. "Nossas artes remetem a sonhos, fantasia, mundos alternativos e outros planetas", finalizam.

G1