Do G1- O consultor de investimentos Samir Gabriel da Silva, suspeito de mandar matar o pai Valdir Gabriel da Silva, de 73 anos, e o irmão Ridlaw Gabriel da Silva, de 48, em Ribeirão Preto (SP), já foi condenado por estelionato e falsidade ideológica em julho deste ano.



Segundo a Justiça, Samir e o irmão Victor Gabriel da Silva tiveram pena de três anos e meio em regime aberto, além de 35 dias-multa para cada um no valor de um oitavo do salário mínimo.

No entanto, a punição foi substituída por prestação de serviços à comunidade e pagamento de indenização de cinco salários mínimos à mulher vítima de falsidade ideológica e R$ 40 mil à empresa vítima de estelionato.

A defesa dos irmãos não quis falar sobre a condenação. Samir e Victor foram procurados, mas não atenderam as ligações da produção da EPTV, afiliada da TV Globo.

Em relação à suspeita de Samir ter sido mandante das mortes do pai e do irmão, o advogado Clelioleno José Pereira da Costa disse que a investigação não tem nenhuma prova que ele teve participação nos crimes.


Estelionato e falsidade ideológica

Samir e Victor são sócios de uma empresa que se diz revendedora de produtos farmacêuticos e cosméticos. Em maio de 2014, Samir fez contato por e-mail com o representante comercial de uma empresa de São Paulo fabricante de cosméticos.

A promessa, no e-mail, era de que a empresa dos irmãos tinha boa aceitação no mercado e que faria a revenda dos produtos com facilidade.

O contrato entre as duas empresas foi firmado em julho de 2014. Samir e Victor compraram R$ 48.490.98 em produtos da vítima e, posteriormente, alegou que as mercadorias não estavam sendo vendidas de forma satisfatória.

Por conta disso, Samir e Victor deixaram de efetuar o pagamento dos produtos para a empresa vítima, deixando um prejuízo de R$ 45.506,26 para os contratados.

De acordo com a Justiça, os irmãos não restituíram a empresa vítima e não fizeram mais contato com os empresários. No entanto, mantiveram a venda dos produtos no site deles.

No mesmo processo, Samir e Victor foram condenados por falsidade ideológica ao inserirem de forma irregular o nome da então empregada doméstica dos pais deles como sócia da empresa, que foi considerada como laranja. Ela não trabalha mais para a família.

Em depoimento ao 2º Distrito Policial de Ribeirão Preto, obtido pela EPTV, afiliada da TV Globo, a mulher disse que nunca soube que o nome dela estava no contrato social da empresa e que nunca trabalhou lá, nem foi sócia.

A mulher também informou que se recorda que, em algum momento enquanto trabalhava para a família, a mãe de Samir e Victor pediu os documentos dela e falou para ela assinar um papel alegando que era para registro profissional e inserção no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o que, segundo ela, nunca aconteceu.

Pai e filho mortos

Quatro meses separam a morte do aposentado Valdir Gabriel da Silva da do filho dele, o comerciante Ridlaw Gabriel da Silva. Em comum, a forma como eles foram mortos, de acordo com informações da Polícia Civil.

As duas vítimas estavam de carro por bairros da zona Leste da cidade quando foram abordadas por ocupantes de outros veículos de onde partiram os tiros. Os atiradores fugiram em seguida.

A investigação teve início em maio deste ano, quando Valdir morreu baleado. No dia 8 de setembro, Ridlaw foi alvo de disparos. Ele morreu na terça-feira (13) após passar cinco dias internado na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-UE) e o corpo foi sepultado na tarde de quarta-feira (14).

Após a morte de Valdir, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar a suspeita de homicídio, e os filhos da vítima foram chamados a prestar depoimento.

Motivação do crime

A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão preventiva de Samir Gabriel da Silva e aguarda a decisão. O inquérito aponta que eles foram mortos por conta de herança. Ao g1, o promotor do Ministério Público, Eliseu Berardo, disse que não concordou com o pedido e pediu mais diligências sobre o caso.

Valdir tinha cinco filhos – Ridlaw, do primeiro casamento; Samir e um irmão, do segundo casamento; e um casal, fruto de outros relacionamentos.

Em 2022, Valdir entrou em processo de separação da atual companheira – mãe de Samir. Meses antes do crime, a mulher denunciou o marido à polícia por violência doméstica e obteve na Justiça uma medida protetiva. Por causa disso, o aposentado saiu de casa e passou a morar com Ridlaw.

A separação teria desencadeado uma disputa por dinheiro, algo que a polícia considera que tenha motivado os crimes. Entre os bens do aposentado estão fazendas em Minas Gerais e um rancho em Rifaina (SP).

Valdir bloqueou os bens e tornou Ridlaw seu inventariante, o que teria deixado Samir enfurecido. Áudios obtidos pela investigação após a morte do pai revelam ameaças feitas pelo suspeito contra ele e o irmão.